Entrevistas

12/08/2009
Junior - Existem ex-jogadores que serão eternos mestres


Júnior em visita a Nilton Santos Foto: Flávio Lopes


Eles nunca se cruzaram nos gramados, mas se admiram. Eles nunca jogaram juntos, mas a rivalidade futebolística foi superada pelo respeito. Nilton Santos e Júnior, o “mestre” e o “camarada”. A “enciclopédia” e o “livrinho”, nas modestas palavras do craque Leovegildo Júnior, o entrevistado do Amigos do Nilton do mês de Agosto.

Amigos do Nilton: Você nasceu aonde e em que ano?
Junior: João Pessoa, em 29 de junho de 1954.

AN: Você lembra quando foi a primeira vez que conheceu Nilton Santos? Como foi esse encontro?
Júnior: Acho que foi em 1974, durante a festa de encerramento do campeonato carioca do mesmo ano. Para mim, era estar em frente a um mito do futebol brasileiro.

AN: É verdade que você costuma se referir ao Nilton como “Mestre”? Por quê?
Júnior: Existem certos ex-jogadores de futebol que serão eternos mestres para nós. E o Nilton está neste grupo!

AN: No carnaval de 2001, a Vila Isabel levou para a Sapucaí um enredo em homenagem ao Nilton Santos. Na ocasião, você agiu como um verdadeiro “Mestre do Samba”. O que poderia nos contar sobre aquele momento? Como o Nilton se sentiu ao entrar e ao sair da avenida?
Júnior: Quando fui convidado já achei uma honra, até porque muitas pessoas fazem algumas comparações com o "Mestre". Ele estava realmente muito nervoso e a toda hora dizia que não merecia tudo aquilo. Eu falava para a Maria Coeli (mulher dele) que ele estava brincando, porque todas as pessoas que passavam ali - enquanto esperávamos para subir no carro alegórico - vinham falar com ele. Falar não, vinham reverenciá-lo! E não eram somente torcedores do Botafogo, eram todos que o tinham visto jogar. Em certo momento, fiquei preocupado pelo seu nervosismo e fui pegar uma cervejinha para descontrair; a partir dali ele relaxou e o desfile foi um dos melhores momentos que vivi na Sapucaí!!

AN: Na sua autobiografia, Nilton fez uma lista dos melhores jogadores que viu jogar; na posição de lateral esquerdo ele citou três nomes “Junior, Ferrari e Altair”. O que acha desse reconhecimento?
Júnior: O engraçado é que eu comecei minha carreira como lateral direito e depois que mudei para a esquerda. O Marinho Chagas foi, de certa forma, para mim, o lateral a ser copiado pelas suas atuações. E como joguei muito tempo ali na esquerda, as comparações com esses monstros são inevitáveis. Acho que até com o Marinho Bruxa é possível, porém, com o mestre, acho exagero da galera!!! Ter sido citado por ele já é um prêmio!!

AN: Como você descreveria Nilton Santos como jogador?
Júnior: O que vi do Nilton foram filmagens das Copas e alguma coisa do Botafogo no final de carreira como quarto zagueiro. O que impressiona é a facilidade com que jogava tanto em uma como em outra posição. Meu pai e um tio me falavam com uma alegria do Nilton que achava que eles torciam pelo Botafogo.

AN: Que semelhanças e diferenças você vê no estilo de jogo de vocês?
Júnior: Quem nos viu jogar vê semelhanças na vocação ofensiva. Mas, eram outros tempos.

AN: O Nilton Santos costuma dizer que de todas as seleções que conquistaram o mundial, a de 1958 era a melhor porque reuniu Pelé e Garrincha. Você concorda?
Júnior: Basta dizer que Pelé e Garrincha nunca perderam uma partida jogando juntos.

AN: Você já se imaginou disputando uma partida no mesmo time do Nilton Santos? Em que posição vocês ficariam?
Júnior: Eu só iria ficar olhando para aprender mais alguma coisa e obedecer tudo que ele falasse.

AN: E se jogassem do mesmo lado do campo, mas em times adversários. Como faria para marcá-lo?
Júnior: Ainda bem que não existe mais esta possibilidade!

AN: Além da Seleção, Nilton só defendeu a Estrela Solitária em toda a sua carreira. No Brasil, você só vestiu a camisa do Flamengo e é considerado um dos maiores ídolos do rubro-negro. Como é essa sensação de ser ídolo de um grande clube?
Júnior: Eram tempos onde não se jogava só pela parte financeira, você torcia pelo time e isso fazia a gente jogar num clube só. É uma questão de fidelidade.

AN: Recentemente, você visitou o Nilton, fato que o deixou muito contente. Como foi essa visita e sobre o que conversaram?
Júnior: Temos alguns amigos em comum e quando soube que ele estava com alguns problemas médicos resolvi pedir a este amigo que provocasse esse encontro. Fiquei satisfeito porque vi um Nilton alegre e o melhor: lembrou de mim quando entrei no quarto para conversar com ele!

AN: Gostaria de deixar alguma mensagem para a Enciclopédia? Qual?
Júnior: Ao grande mestre e a querida Maria Coeli gostaria de desejar muita saúde sempre!!!!!!!!!!!!!!!!



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