Entrevistas

16/05/2020
Um encontro muito "loco"


Loco Abreu e Nilton Santos no Centro de Treinamento João Saldanha – Foto:Site Oficial do Botafogo


Centro de Treinamento João Saldanha, 18 de outubro de 2011, véspera de um jogo importante do Campeonato Brasileiro contra o Santos. Os jogadores almoçam e pouco antes do descanso na concentração, uma surpresa: Nilton Santos, o maior lateral esquerdo de todos os tempos, eleito pela FIFA. O ídolo eterno do clube passa pela porta e se aproxima de todos. A decoração em volta o faz sentir-se em casa. Para os atletas, era demais estar na frente dele, a Enciclopédia do Futebol. Existe uma magia no mundo da bola que permanece intacta. O encanto em que, geração após geração, talento sobre talento, o ídolo recente se curva diante de um astro do passado. Com Loco Abreu, não foi diferente, justamente um dia após o seu aniversário. Que presente, não é mesmo?

Para a reinauguração do site, nesta data em que celebramos 95 anos do nascimento do querido Nilton Santos, o atacante Loco Abreu, atualmente no Boston River (URU), fala um pouco sobre esse encontro marcante e, mais uma vez, deixa sua saudação para os botafoguenses.

Site NS: Quando você era garoto, quais eram seus principais ídolos no futebol? Você já teve a chance de se encontrar com algum?

Loco Abreu: Quando eu era criança, eu tinha muitos ídolos. O primeiro deles é o meu pai, que foi centroavante. Depois, três atacantes do Nacional: o Wilmar Cabrera (el toro), o Julio César Dely Valdés e o Juan Carlos de Lima, que também jogou no Botafogo. Eu tive a oportunidade de conhecer os três e também fui companheiro do Juan Carlos, no meu início de carreira, no Defensor Sporting (URU).

Site NS: Como foi encontrar Nilton Santos naquele dia? Vocês pareciam super à vontade na foto.

Loco Abreu: O dia em que o Nilton Santos foi nos visitar na concentração foi maravilhoso. Eu já tinha tido a oportunidade de conhecer o Zagallo e o Jairzinho e lido muito sobre a história do Botafogo e o que o Nilton representava para o clube, para a seleção brasileira e para a história do futebol mundial. Fui muito feliz em poder curtir aquele dia. Nós nos falamos pouco, mas relembramos os momentos em que ele jogava e porque se tornou a Enciclopédia do Futebol. Lembro-me do seu sorriso e que mostrava em seu olhar o desejo de voltar no tempo dos anos maravilhosos em campo.

Site NS: O que você acha desses encontros de gerações? Funciona como motivação?

Loco Abreu: Eu acho que esse tipo de homenagem deve ser feito, principalmente com a pessoa em vida e que esteja com consciência, para que ela também possa curtir da emoção de ver os demais felizes com a sua presença. O Botafogo é um clube diferente, que honra a sua história e os seus ídolos, como todos aqueles que estão no muro e por perto, como o Túlio Maravilha e o Manga. O clube tem que levá-los para a concentração, para o estádio Nilton Santos, no vestiário, para transmitir para a garotada porque o Botafogo é um clube tão grande e tão querido.

Site NS: Para a torcida alvinegra, você faz parte de uma galeria de ídolos como Garrincha e Nilton Santos. Que valor isso tem para você?

Loco Abreu: Eu vou te falar a verdade, acho que ficou demais ter ficado no muro dos ídolos. Com tantos jogadores fantásticos, acho que foi muito, eu poderia ter ficado de fora. Mas, sinceramente, cada vez que eu passo por lá, que alguém do Uruguai viaja e me manda um recado com a foto, eu não tenho palavras para agradecer. Gratidão pelo resto da minha vida. Eu nunca pensei em chegar ao Botafogo e construir esse caminho, essa história. Humildemente, eu volto a falar que, para mim, é muito. Eu sei da importância que aquele muro tem para o torcedor. Muito obrigado.

Site NS: Para finalizar, do que mais você sente saudade do tempo em que atuou pelo Botafogo?

Loco Abreu: Eu tenho saudades de tudo do Botafogo. O dia a dia, tomar café da manhã com os funcionários, treinar, ficar na academia com a comissão técnica, massagista, fisiologista, treinando duro e forte. Entrar no Estádio Nilton Santos e escutar a galera gritando “Uh, El Loco”. Fazer gols, comemorar. A saudade é total. Eu sei que ainda terei a possibilidade de, pelo menos em um jogo, colocar essa camisa fantástica e curtir com toda a torcida maravilhosa. Com certeza.



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