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14/10/2020
Nilton Santos e as crianças


Foto: Acervo Nilton Santos


Nilton Santos sempre teve uma relação adorável com as crianças. Ele dizia ser muito difícil treinar adultos e por isso optou por trabalhar com os mais jovens. Em Minha Bola Minha Vida, dedicou um capítulo a elas e comentou: “Gosto mais de trabalhar com as crianças porque elas param para ouvir a gente, têm mais respeito e querem aprender. O adulto acha que já sabe tudo, que o futebol começou agora com ele e começa logo a rebolar”.

Pouco depois de aposentar as chuteiras, no final de 1964, Nilton foi trabalhar na Legião Brasileira de Assistência – LBA. Sua missão era ensinar futebol a crianças carentes. No seu livro de memórias, ele trouxe a recordação: “Foram momentos gratificantes ao lado daquelas crianças. Eu ensinava a elas a arte de jogar futebol e elas me mostravam como era difícil a ida das crianças pobres desse país. Apesar de ter tido uma infância pobre, hoje (1998) acho que elas sofrem mais do que eu sofri”, disse.

Neste período, ele trabalhou por pouco tempo no Estádio Caio Martins, em Niterói, e depois foi transferido para a Ilha do Governador, bairro em que morava. Com boa influência na região, conseguiu um campo do Exército para o treinamento e ainda o lanche da garotada. Naquele ocasião, ele atuou com os pequenos da favela da Maré, por exemplo.

Anos mais tarde, teve nova experiência em escolas de futebol em Uberaba, Minas Gerais. Lá, também deixou a sua marca e saudades, como sempre. Em 1987, mudou-se para Brasília, após convite do Ministério dos Esportes, através de um convênio da LBA com o Governo do Distrito Federal, para o projeto “Recriança”. Neste, aliás, participaram também o ex-jogador Roberto Dinamite, a Isabel (do vôlei) e Ubiratan (do basquete). Eles supervisionavam o trabalho dos educadores físicos e serviam como motivação para os meninos das cidades satélites. Quando o governo acabou, findou-se também o programa.

Mesmo aos 72 anos, Nilton não parou. Ele recebeu novo convite de Jayme Lourenço, na época, assessor do senador Leomar Quintanilha, do Tocantins. Cabia ao craque, elaborar um projeto de escolinha para o estado. Em algumas oportunidades, Nilton mencionava o carinho com que foi recebido e era tratado pelas crianças e por todos em Palmas, onde obteve muito apoio e infraestrutura. Inclusive, esta foi a primeira vez que uma escola levou o seu nome: A Escolinha de Futebol Nilton Santos, como passou a ser chamada e é até hoje. Este é o legado mais marcante do ídolo neste tipo de trabalho. A passagem por Palmas foi tão importante, que o estádio estadual de Palmas, inaugurado em 2000, foi batizado de Estádio Nilton Santos. /p>

É difícil mensurar o impacto que o trabalho teve na vida daqueles jovens. Além do futebol, da comida, tinha algo pedagógico, afinal, a Enciclopédia do Futebol sempre dava um jeito de passar seus ensinamentos de vida a molecada. No livro, ele menciona algumas, mas certamente os casos são inúmeros e de todos os tipos. Por essa e tantas outras, Nilton pode ser chamado carinhosamente de mestre. Nilton não apenas faz parte da história, ele plantou e deixou sementes.



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